A ALMA DA CIRURGIA BUCOMAXILO FACIAL
PARTE
I
Ser
cirurgião-dentista é antes de qualquer coisa uma vocação, por tanto, bem mais
que uma opção. A frustração que consome inúmeros profissionais é o reflexo da
odontologia como uma opção individual puramente mercantilista. A odontologia
não pode ser desvinculada da medicina, por quaisquer razões, aquilo que as
separa é o mesmo que as une. A odontologia em sentido estrito nos remete ao
“estudo dos dentes”, mas é claro que este conceito é insuficiente se quisermos
entender a real atuação do cirurgião-dentista.
A
cirurgia bucomaxilo facial como ramo da odontologia, antes de qualquer coisa, é
uma dádiva da vida para com a essência humana daqueles que a praticam. É
preciso ser audacioso, ou até mesmo corajoso, se definir um cirurgião for o
objetivo, afinal o que faz um cirurgião não é o desenho do bisturi, mas a forma
como o manuseia sem lesar o próximo.
Operar
é mais do que um ato, instante, é momento. É como lembrar-se de existir por
completo, repousar as mãos sobre um tecido e ver nele uma oportunidade de ir e
ser sempre mais, como se nada houvesse em seguida, é ter a oportunidade de
esquecer-se e ao mesmo tempo lembrar-se somente do necessário. É uma arte que
não permite definição, mas que é necessário sentir e estar para saber que
existe.
O
resultado pós-operatório será sempre uma grande preocupação ao profissional. Os
questionamentos surgem quase sempre dos insucessos e destes também surgirão incertezas
sobre a técnica, sobre os princípios e sobre as doenças pré-existentes, no
final não restará dúvidas de que o cirurgião será sempre uma mão humana
repousando sobre um corpo também humano, frágil e inesperado. A destreza do
cirurgião não está somente na tenacidade de seus músculos e em movimentos precisos,
vai além de qualquer natureza puramente física. É preciso conhecer em detalhes
a anatomia que cerca o ato operatório e que por vezes faz duvidar do quanto se
é capaz de continuar. É válido lembrar, se a dúvida surgir, que a humildade
será usada com voracidade e fará desta indeterminação uma luz, capaz de ver na
ignorância as verdades que quando buscadas norteiam os caminhos da cirurgia.
O que nos torna cirurgiões não é o êxito que nos leva ao sucesso, mas a forma como lhe damos com as adversidades que nos cercam. A cirurgia vai bem mais além dos pacientes totalmente satisfeitos, dos resultados almejados e dos insucessos vencidos, a cirurgia vai até onde o cirurgião dá o seu último suspiro, pois a cada instante que suas mãos são capazes de repousar sobre uma face, um novo caminho pode ser percorrido pela ponta fina, suave e singela de um bisturi.
@Joaomarques_ctbmf
1 comentários :
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