Controle Medicamentoso da Dor e Eventos Pós-operatórios em Cirurgia Bucal

A importância de se saber prescrever medicamentos em cirurgias bucais está relacionada a expectativa de dor no pós-operatório, edema, limitação das funções do sistema estomatognático , ou mesmo a possibilidade de infecção local e/ou sistêmica.

Controle da Dor:

De acordo com a Associação Internacional para o estudo da dor, esta tem por definição:
“ experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano tecidual real ou descrita tal como se o dano estivesse presente”.
A dor é uma sensação que é detectada por nociceptores localizados nas terminações nervosas livres, sendo estes ativados por estímulos mecânicos, térmicos e químicos. Estes receptores estão distribuídos por todos os tecidos do corpo.
Em condições fisiológicas, somente os estímulos de grande intensidade são capazes de provocar dor, porém em casos onde o processo inflamatório está presente, através de seus mediadores (prostaglandinas, leucotrienos, cininas e etc) ocorre um processo chamado de hiperalgesia, onde um estímulo de menor intensidade pode causar dor, justamente por conta de uma diminuição do limiar de estimulação nervosa. Os mediadores da inflamação também facilitam a entrada de íons sódio nos nociceptores, facilitando também o estímulo doloroso.
O pico máximo de dor pós-operatória ocorre em torno de 9h após o procedimento, diminuído o seu efeito após 24-48 horas.

Analgésicos de ação periférica:
Anti-histamínicos – atuam de modo antagônico diretamente nos receptores que causam excitação dos nociceptores.
Anti-inflamatórios não esterdoidais e esteroidais – Previnem a sensibilização dos nociceptores através da inibição da COX e fofolipase A2 respectivamente.
* Dipirona deprime os nociceptores.

Analgésicos de ação central:
Opióides – atuam nos mecanismos centrais de regulação da dor, reduzindo a transmissão medular de impulsos periféricos e ativando os centros inibitórios. (menos usado em odontologia).

Analgésicos em odontologia:
Inibidores da COX(AINES):
Ação COX 1 (fisiológica) e COX 2 (inflamação).
Efeito anti-inflamatório, anti-pirético e analgésico.
Inibe a produção de prostaglandinas, prostaciclinas e tomboxanas.
As prostaglandinas promovem proteção gástrica e controlam a perfusão renal, controla o tônus da musculatura lisa uterina e o fechamento do canal arterial do feto.
As troboxanas iniciam a agregação das plaquetas no processo da coagulação.
*Os efeitos adversos dos AINES estão relacionados a inibição da função dos mediadores químicos produzidos pela COX 1.

Paracetamol:
Atua primariamente no sistema nervoso central, embora seu mecanismo de ação não seja totalmente claro, possivelmente atua inibindo a COX 3 (variante COX1) no hipotálamo.
Prescrição:
Paracetamol comprimido 500/750mg de 6/6h, durante dois a três dias do pós-operatório.
Precauções: Pacientes com anemia, alcoólatras, idosos e que tomam anticoagulantes e anticonvulsivantes.
*Pode ser utilizado em pacientes grávidas com segurança, em doses terapêuticas.

Dipirona:
Estudos mostram maior eficácia clínica no controle da dor pós-operatória que o paracetamol.
Possui ação periférica inibindo os nociceptores e ação central na COX 3.
Prescrição:
Dipirona comprimido 500mg de 6/6h, durante dois a três dias.
Precauções: Não pode ser prescrita para pacientes grávidas e em lactação.
Reduz os níveis sanguíneos da ciclosporina.
*Pacientes alérgicos a dipirona, pode fazer uso de paracetamol, caso esta possua alergia ao paracetamol deve ser prescrito codeína.

Modulação Medicamentosa dos Eventos Pós-operatórios:
A inflamação é um processo vital para a defesa do organismo contra agentes agressores e para o correto reparo tecidual. No entanto, muitas vezes esse processo se torna tão severo que pode prejudicar o organismo.
A expectativa de resposta inflamatória exacerbada deve nortear a prescrição dos AINES.
O processo inflamatório pode causar desorganização ou destruição celular, através da formação dos mediadores químicos da inflamação.

AINES:
Efeito anti-inflamatório – Ação antiexsudativa prevenindo o edema.
Efeito analgésico – Prevenindo a sensibilização dos nociceptores.
Efeito antipirético – Inibido a ação das prostaglandinas no hipotálamo.
Efeitos adversos – Dor epigástrica, náuseas, vômitos, ulcerações, insuficiência renal, hemorragias.
Período de prescrição de aproximadamente 2 dias, pois são os 2 primeiros dias que se espera grande reação inflamatória.
Pico de dor gera em torno de 9 a 12 horas e o pico do edema é de aproximadamente 36 horas.

Diclofenaco de Sódio:
Prescrição: Comprimido 50mg de 8/8h durante dois ou três dias.
Contra-indicado:  Na gravides e lactação e em pacientes que tenham hipersensibilidade a AINES.

Diclofenaco de Potássio:
Prescrição: Prescrição: Comprimido 50mg de 8/8h durante dois ou três dias.
Contra-indicado:  Na gravides e lactação e em pacientes que tenham hipersensibilidade a AINES.

Ibuprofeno:
Prescrição: Comprimido 300/600mg de 8/8h durante dois ou três dias.
Contra-indicado:  Na gravides e lactação e em pacientes que tenham hipersensibilidade a AINES.

Nimesulida:
Prescrição: Prescrição: Comprimido 100mg de 12/12h durante dois ou três dias.
Contra-indicado:  Na gravides e lactação e em pacientes que tenham hipersensibilidade a AINES.

Observações:
O uso de AINES é contra-indicado na gravides pois pode causar fechamento do canal arterial fetal, prejudica a ação anti-hipertensivos inibidores da ECA, pois a prostaglandina é responsável pela perfusão renal e se essa perfusão for diminuída o medicamento não chegará aos rins de maneira efetive e associado ao uso dos diuréticos pode vir a causar desidratação.
Se administrado concomitante a anti-coagulantes aumenta os riscos de hemorragia.
Tomar cuidado na prescrição destes em pacientes com problemas renais.

4 comentários

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Rozana
admin
28 de setembro de 2015 às 18:18 ×

Estou assustada.Fiz uma cirurgia de enxerto ósseo em maio deste ano e já fazem 4 meses que tenho dormência no labio inferior do lado direito .O buço maxilar pediu para aguardar 5 meses que iria melhorar. Eu não levo mais uma vida normal depois disso nem beijar o meu marido consigo pois dói e repuxado da fisgada...horrível


Lado

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Rozana
admin
28 de setembro de 2015 às 18:18 ×

Estou assustada.Fiz uma cirurgia de enxerto ósseo em maio deste ano e já fazem 4 meses que tenho dormência no labio inferior do lado direito .O buço maxilar pediu para aguardar 5 meses que iria melhorar. Eu não levo mais uma vida normal depois disso nem beijar o meu marido consigo pois dói e repuxado da fisgada...horrível


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