Apesar do tratamento delegado a técnica de mentoplastia ser relativamente simples deve-se ter atenção na indicação e correto diagnóstico, assim como também na sua correta execução, com vistas nos melhores resultados estéticos e funcionais. A mentoplastia é definida por alteração da forma e tamanho da sínfise mandibular visando à correção de alterações estéticas e funcionais por meio de procedimento cirúrgico.
Os procedimentos cirúrgicos usados na mentoplastia são:
- Osteotomia horizontal basilar do mento;
- Colocação de enxerto ósseo;
- Colocação de enxerto aloplástico;
O mento é uma das estruturas faciais mais aparentes e expostas do corpo humano, e um importante componente do complexo maxilo-facial, no que diz respeito a harmonia e estética facial. Atualmente com a combinação do senso artístico apurado, conhecimento dos princípios de estética facial e com a correta execução deste procedimento, pode-se obter resultados mais previsíveis qualquer tipo de alteração tridimensional na posição do mento ou tecidos moles do queixo.
- Deve-se avaliar com atenção a área mento-cervical do paciente.
- A civilização pode associar a posição e forma do mento com a personalidade das pessoas:
“Mento pequeno” – Tímida, não esportiva, indecisa ou passiva.
“Mento grande” – Agressiva, esportiva ou decidida.
- O mento deve ser discretamente protuso, associado com nariz e região mentocervical proporcional e de morfologia normal;
- Na maioria das vezes o plano de tratamento é realizado através um avaliação de perfil do paciente, mas o correto é avaliar o mento de todas as posições. Devem-se avaliar também as alterações verticais do mento;
Deformidades do mento
Considerações gerais:
- Anatomicamente o mento está localizado em uma região abaixo do sulco mentolabial. É muito importante avaliar a região do mento com um conjunto lábio inferior, sulco mentolabial, mento e região mentocervical, pois qualquer procedimento cirúrgico realizado nessa região vai alterar essas estruturas;
- A posição dos incisivos superiores e inferiores, o tamanho do transpasse vertical e horizontal, o tônus da musculatura do orbicular da boca e principalmente a projeção óssea do mento irão determinar a forma e posição da região mentoniana;
- A hiperfunção da musculatura mentoniana deve ser diagnosticada, porque do contrário, isto pode levar a uma avaliação equivocada da estética da região mentoniana, o que é comum em pacientes com a síndrome da face longa (telerradiografia de perfil com os lábios relaxados é difícil). Esta hiperfunção pode ser reconhecida na radiografia por:
- Aumento do volume da projeção mentoniana;
- Elevação da margem do lábio inferior acima da borda incisal inferior;
- Sulco mentolabial achatado.
- Nos casos de hipofunção o lábio inferior estará caído expondo os incisivos inferiores, o que é antiestético ( mais comumente em negros e pacientes classe II);
- A projeção dos tecidos moles do mento é influenciada pela projeção da sínfise mandibular na sua porção inferior mentoniana óssea, e pela sua altura. Além disso, a musculatura mentoniana e de seus tecidos mole também tem influência marcante.
- A forma do sulco mentolabial é determinada por todos os fatores que controlam o contorno do lábio inferior e dos tecidos moles da região. O sulco deve ter forma sigmoide determinando uma transição suave do lábio inferior para o mento propriamente dito;
Deformidades horizontais:
- Na vista de perfil deve-se relacionar o terço inferior da face a uma linha vertical reta perpendicular ao plano de Frankfort (O mento, lábios, e região subnasal devem estar próximos desta linha).
- A interpretação da estética facial deve ser baseada nas relações das estruruas faciais com referências externas, ao invés de referências intra-cranianas que são muito vairáveis;
- Deve-se criar uma linha vertical perpendicular ao plano horizontal, passando pelo ponto cefalométrico subnasal, a projeção realtiva do nariz, lábios e região do mento ( o queixo deve estar cerca de 1 a 2 mm atrás dessa linha e os lábios ligeiramente a frente desta mesma linha);
Deficiência ântero-posterior
Deve-se traçar uma linha perpendicular ao plano de Frankfort, passando através do ponto subnasal. Considera-se que uma face em uma vista de perfil seja proporcional quando o ponto subnasal e o pogônio estão na mesma linha ou perto dela e os lábios ligeiramente anterior a esta linha.
Quando o nariz e os lábios do paciente se projetam para frente desta linha vertical, o ideal seria mover esta linha para frente do ponto subnasal, para assim pode obter o quanto movimentar o mento no sentido anterior no plano horizontal. Quando, ao contrário, essa linha encontra-se mais anterior, ou seja, na frente da parte mais proeminente dos lábios, pode ser desejável mover essa linha posteriormente para um ponto em que ela tangencie a parte mais proeminente do lábio, tornando-se o ponto de referência para um posicionamento posterior do mento. Em casos femininos esta linha deve ser deslocada em alguns milímetros para posterior para uma aparência mais delicada.
Nunca avançar a parte óssea do mento além da projeção mais anterior dos incisivos inferiores.
Osteotomia horizontal basilar do mento (OHBM).
Princípios básicos da técnica cirúrgica:
a) Angulação da osteotomia:
- Determinada no traçado cefalométrico (cuidado com o forame mentoniano);
- Forame mentoniano e canal mandibular determinam a posição da osteotomia ( 4 a 5mm abaixo do forame);
- Altura anterior da osteotomia é ditada de acordo com a direção que o segmento distal deve se mover para o avanço do mento;
- Se for planejado apenas o avanço sem mudanças verticais, a osteotomia deve ser paralela ao plano de Frankfort.
b) Limitações:
- Dimensão ântero-posterior da sínfise mandibular e as inserções musculares;
- Outro detalhe importante é a altura da osteotomia. A altura do segmento que vai ser avançado deve variar de 10 a 15mm na altura da parte mais anterior da sínfise. ( se for muito curto em altura leva a uma aparência desagradável nos tecidos moles do queixo, porém, se for muito longo deixa uma aparência muito larga do queixo e elevação desagradável do sulco mentolabial);
TÉCNICA CIRÚRGICA:
- Incisão:
- Everter o lábio e marcar com azul de metileno um ponto entre a mucosa do fundo de sulco vestibular e o vermelhão do lábio;
- Fazer duas marcações em direção a região posterior e de maneira angulada, sendo que o final deverá está bem próximo ao fundo de sulco vestibular inferior em ambos os lados;
- A extremidade posterior deve está na região distal do canino de ambos os lados;
- Depois de feita a incisão deve-se fazer a dissecção romba para termos certeza que estamos no plano submucoso;
- Fazer incisão do tecido submucoso e musculatura mentoniana até encontrar o periósteo;
- Na região de canino e 1º pré-molar é feita logo abaixo da gengiva inserida para evitar danos ao nervo mentual;
- Dissecção:
- Inicialmente na região de linha média e decolada inferiormente a área onde será realizada a osteotomia;
- É importante a manutenção máxima dos tecidos moles inseridos anterior e inferior do segmento distal que será movimentado (melhor vascularização e resposta dos tecidos moles);
- Estender a dissecção ao longo da borda inferior da mandíbula até a região dos molares;
- Tomar cuidado no desenho da osteotomia para não causar degraus que comprometem a estética facial na região da base da mandíbula e encurtamento do terço inferior da face;
- Exposição do feixe vasculonervoso mentoniano (visualizar e proteger o feixe);
- Não descolar o nervo dos tecidos moles (proteção e diminuição das alterações sensoriais);
- Osteotomia:
- Confeccionar com broca 701 ou 702 a linha vertical de referência na linha média da sínfise mandibular;
- Demarcação de pontos de reparo onde será exatamente a osteotomia: ponto na linha média, determinado a altura inicial da osteotomia (2mm a cima do ponto de maior proeminência da sínfise mandibular);
- Marcar a passagem da osteotomia de cerca de 5mm abaixo do forame mentoniano;
- Realização da osteotomia horizontal com broca ou serra oscilatória;
- Osteotomia deve se estender até região de molares inferiores (não causa degraus);
- Quando a osteotomia é feita o mais posterior possível ela deve ser também mais inferior na região de sínfise mandibular do que a tradicional (logo acima do pogônio);
- Após terminda a osteotomia horizontal tentar mobilizar no sentido inferior para avaliar se ela foi completamente realizada (se não ocorrer mobilização a osteotomia está incompleta);
- Mobilização:
- Movimentar o segmento distal para inferior e depois para a anterior;
- Para avanços maiores de 10 a 14mm a desinserção da musculatura supra-hióidea está indicada (tentar manter um pedículo de músculo inserido para melhorar o suprimento vascular);
- Fixação:
- Fixação rígida com placas e parafusos (menor necessidade de desinserção da musculatura supra-hióidea);
- As placas são em “T” ou “L” dobrando-as de modo que haja uma melhor adaptação e fixação;
- Fixar primeiro o segmento distal e só depois o proximal;
- Pode ser feita também com fios de aço e parafusos do tipo Lag screw;
- Síntese:
- Após limpeza e irrigação para remoção de detritos sutura-se o músculo mentual com fio de poliglactina 910 tançada 3-0 (fio reabsorvível);
- A sutura dessa região é importante para não causar a ptose do lábio;
- Suturar a mucosa e tecido subcutâneo com fio catgut cromado 3-0;
- Colocação de curativo compressivo de 2 a 4 dias (minimizar edema e hematoma e ajudar no suporte da sutura);
Imagens retiradas do livro Cirurgia Ortognática do Antenor Araújo ilustrando os passos cirúrgicos da mentoplastia:
Imagens retiradas do livro do Miloro Princípios de Cirurgia Bucomaxilofacial mostrando algumas variações da osteotomia:
Pós-operatório:
- Dieta líquida durante 48 horas;
- Após a remoção do curativo compressivo realizar compressas mornas;
- 10 a 14 dias após realizar fisioterapia;
Referências:
Araújo A. Cirurgia ortognática. 1º ed. São Paulo. Livraria Santos Editora. 1999.
Miloro M. Princípios de Cirurgia Bucomaxilofacial de Peterson. 2ª ed. Santos Editora. 2004.
5 comentários
Click here for comentáriosGOSTARIA DE SABER SE APÓS O AUMENTO DA MANDÍBULA SE O PACIENTE TEM QUE AMARRAR OS DENTES PARA A CICATRIZAÇÃO OU SE ELE PODERÁ ABRIR E FECHAR A BOCA NORMALMENTE APÓS A CIRURGIA.
ReplyDepende de que técnica de avanço mandibular você tiver usado, por exemplo: na técnica da osteotomia sagital bilateral do ramo mandibular tem-se a utilização da fixação interna rígida e isso dá uma melhor estabilidade aos segmentos ósseos após a osteotomia, tendo como vantagem a não utilização do bloqueio maxilo mandibular pós-operatório. Já no caso da utilização da técnica da osteotomia vertical do ramo mandibular, onde não é usada a fixação interna rígida, se faz necessária a utilização do bloqueio maxilomandibular pós-operatório. Na atualidade tem se dado preferência a utilização da osteotomia sagital por conta deste aspecto e de sua melhor estabilidade.
ReplyVou fazer a cirurgia ortognática + mentoplastia, no dia 02/06/13. Gostaria de saber quanto leva mais ou menos
Replydesculpe-me, não terminei o comentário.esse procedimento leva em média quanto tempo para ser feitaAs duas cirurgias são feitas no mesmo dia
ReplyFiz a cirurgia ortognática, devido uma deformidade no mento e na maxila. Foi feito o procedimento de Osteotomia para a redução óssea do mento, e um avanço pequeno na maxila. Só que sempre tive um grande excesso de tecido mole no mento, no qual o deixa a aparência de "queixo grande", "queixo comprido", e na ortognatica foi tirado uma quantidade de excesso de osso, mas mesmo assim o tecido mole ainda deixa o mento com a aparência de "queixo grande". Por favor, gostaria de saber, se há um procedimento cirúrgico de tecido mole de mento, no meu caso seria redução. Desde já agradeço!
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