EXAMES COMPLEMENTARES – Hemograma Completo.


O hemograma é o exame que avalia, quantitativamente e qualitativamente, os elementos figurados do sangue, auxiliando no diagnóstico de anemias e seus tipos, quantidade de plaquetas, alterações neoplásicas, processos infecciosos entre outras afecções. Este exame é composto pelo eritrograma, que fornece informações sobre as células vermelhas, pelo leucograma, que avalia as células brancas, e pelo plaquetograma, que representa a contagem de plaquetas.

Eritrograma
É a parte do hemograma que estuda as alterações nos eritrócitos, na hemoglobina, no hematócrito, nos índices globulares e na morfologia eritrocitária, ajudando do diagnóstico de anemias e policitemias.
Itens avaliados no eritrograma:
- Contagem de eritrócitos;
- Dosagem de hemoglobina;
- Hematócrito ou volume globular;
- Volume corpuscular médio;
- Hemoglobina corpuscular média;
- Concentração de hemoglobina corpuscular média.
Eritrócitos (E)
Os eritrócitos ou hemácias são os elementos figurados do sangue de maior número, havendo 900 hemácias para 01 leucócito e aproximadamente 30 plaquetas. As hemácias são responsáveis pelo transporte do oxigênio (O2) dos pulmões para os tecidos e, no caminho inverso, transportar o dióxido de carbono (CO2) dos tecidos para os pulmões.
Os glóbulos vermelhos são capazes de transportar grande quantidade de O2 por conta da ação hemoglobina presente no seu citoplasma, tendo um tempo médio de vida de 120 dias.

Valores de referências (VR):
Homem 4.5 à 6.0 Milhões/mm3  Mulher→ 4.0 à 5.5 Milhões/mm3
Eritrocitose: > 7.000.000/mm³ (Policitemia)
Eritropenia: < 4.000.000/mm³ (Anemias)

Em pacientes com casos graves de anemia deve-se fazer profilaxia antibiótica, avaliar a necessidade de redução farmacológica de ansiedade com benzodiazepínicos, evitar o uso de ácido acetilsalisílico, usar anestésico sem vasoconstrictor em procedimentos não invasivos e em procedimentos invasivos usar lidocaína 2% com adrenalina de 1:100.000.
Hemoglobina (Hgb)
Através das hemácias, a hemoglobina realiza o transporte do O2 dos pulmões aos tecidos, e do CO2 dos tecidos aos pulmões. O volume de O2 que o sangue
transporta, quando sua Hgb está completamente saturada é chamada de capacidade de oxigenação do sangue.
Nos pulmões, onde a pressão de O2 é alta, cada molécula de Hgb se combina com quatro moléculas de O2, que são carreadas e transferidas aos tecidos, onde a pressão de O2 é baixa. A combinação da Hgb com o CO2 que é normalmente produzido nos tecidos, sendo facilmente reversível quando o sangue chega aos pulmões.
VR: H → 13,5 à 18g/100ml M → 1 1 , 5 à 16,4/100ml
Poliglobulia > 18g/100ml
Oliglobulia < 13,5/100ml
Hematócrito ou Volume Globular (Hct)
O Hct representa a proporção entre a parte sólida e a parte líquida do sangue. É a massa total de glóbulos vermelhos por volume de sangue. O Hct correlaciona-se melhor que a contagem de eritrócitos com a viscosidade sanguínea e é a cifra mais usada. Quando há anemia, o Hct encontra-se diminuído por causa da falta de glóbulos vermelhos (Hct = E x VCM).
O sangue é composto de: plasma (55%), glóbulos vermelhos (43%), glóbulos brancos e plaquetas (2%).
VR: H → 40 a 50% M → 36 a 50%
↑ Hct (Desidratação, estado de choque, queimaduras, ↓ plasma)
↓ Hct (Anemias)
As alterações da série vermelha, ou seja, nas hemácias, Hgb, e Hct indicam anemia ou policitemias, complementados pelos valores de volume corpuscular médio, hemoglobina corpuscular média, concentração de hemoglobina corpuscular média, e observações microscópicas do sangue (tamanho, forma e cor das hemácias), ajudam a definir qual o tipo de anemia.
As anemias são doenças em que os glóbulos vermelhos ou a Hgb apresentam valores inferiores aos normais, ficando o transporte de O2 deficitário.
A anemia pode causar sintomas como fadiga, fraqueza e cefaléia constante. A menor viscosidade do sangue contra-indica intervenções cirurgias pela possibilidade de processos hemorrágicos. Já as Policitemias são doenças caracterizadas por um aumento do número de glóbulos vermelhos. O aumento da viscosidade do sangue daí derivado pode causar várias doenças microangiopáticas

Leucograma
Estuda a série branca, os leucócitos. Os leucócitos são elementos figurados responsáveis pelo mecanismo de defesa do organismo, combatendo os microorganismos por meio de sua captura ou através
da produção de anticorpos. Por isso, o aumento de tamanho de gânglios linfáticos, revela a existência de uma inflamação ou um processo infeccioso.
Um adulto normal possui entre 4 a 11 mil leucócitos por microlitro (mm3) de sangue. Uma quantidade muito pequena ou muito grande de leucócitos indica um distúrbio.
A leucopenia, uma diminuição na quantidade de leucócitos para menos de 4.000 células por mm3, torna uma pessoa mais suscetível a infecções. A leucocitose
(> 11.000/mm³), um aumento na quantidade de leucócitos, pode ser uma resposta a infecções, ou ser resultante de um câncer, de um traumatismo, do estresse ou de determinadas drogas.
Na avaliação dos leucócitos, temos ainda a quantidade de granulóciltos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e agranulócitos (monócitos e linfócitos), que esclarecem o diagnóstico de várias doenças infecciosas e hematológicas.
Os valores de referência para cada parâmetro fornecido no resultado variam de acordo com a faixa etária e o gênero.

Neutrófilos
São os leucócitos mais numerosos, circulam por cerca de dez horas. Essas células representam uma das mais importantes linhas de defesa, sendo o primeiro mecanismo de defesa contra agressão microbiana.
Sem os neutrófilos, um indivíduo poderia morrer rapidamente de uma simples infecção. Caso ele falhe, o monócito é acionado.
Em ordem de maturidade temos: segmentados >bastões > metamielócitos > mielócitos > promielócitos.
Desvio à esquerda é a presença de células jovens no sangue periférico, obedecendo à ordem de maturação das células - infecção aguda severa.
Basófilos
Os basófilos constituem menos do que 1% do total da população de leucócitos. Uma de sua função é a de ligação dos antígenos às moléculas de IgE, atuando na reação alérgica através da liberação de histamina.
Basofilia (↑Basófilos): podendo estar relacionados com leucemia mielóide crônica, anemias hemolíticas crônicas, eritrema, varíola e varicela.
Eosinófilos
Os eosinófilos agem no complexo antígeno-anticorpo, possuindo função fagocitária, tendo preferência por ingerir partículas estranhas a bactérias. Sua presença significa boa reação à infecção.
Eosinofilia (↑Eosinófilos): pode ocorrer devido a processos alérgicos, agudização de processos específicos, viroses, tumores malignos, pós-irradiação, pênfigo, eritema, granuloma eosinófilo, anemia perniciosa, doença de Hodgkim, leucemia mielóide e tumores ósseos.
Monócitos
Os monócitos têm como função ingerir bactérias, células mortas, anormais ou infectadas, representando uma fase na maturação da célula mononuclear fagocitária
originada na medula óssea. Seu aumento significa boa reação de defesa do organismo, promovendo a cura do processo inflamatório e defesa orgânica.
Monocitose (↑ Monócitos): pode significar um indício de boa reação por parte do organismo, infecções bacterianas, muitas infecções por protozoários, leucemia monocítica, alguns casos de tumores cerebrais, envenenamento por tetracloretano.
Linfócitos
Os linfócitos circulantes no sangue e na linfa se originam principalmente no timo e nos órgãos linfóides periféricos, sendo mais atuantes em infecções virais. Sua função é conferir defesa imunológica tardia ao organismo. São classificados em dois tipos principais, linfócitos T e B. Os linfócitos T têm longo período de vida, provavelmente anos. Os linfócitos B têm vida curta, provavelmente semanas.
Linfocitose (↑ leucócitos): têm como causas mais comuns infecções crônicas e leucemias linfocíticas.

Plaquetograma
As plaquetas promovem a coagulação do sangue e auxiliam a reparação da parede dos vasos sanguíneos, evitando perda de sangue. As plaquetas atuam limitando a hemorragia ao revestimento endotelial dos vasos sanguíneos em caso de lesão. Se o revestimento endotelial se rompe e as plaquetas entram em contato com o colágeno subendotelial, elas se tornam ativadas, liberando o conteúdo de seus grânulos, aderem à região lesada da parede do vaso e iniciam agregação plaquetária.
Pacientes com plaquetas muito baixas são maispropensos a sangramentos. Plaquetas muito elevadas  podem favorecer a trombose.
A dosagem das plaquetas é necessária antes de cirurgias ou procedimentos susceptíveis a sangramentos
VR: 130.000- 400.000/μl.

Referência:
Ricardo Wathson Feitosa de Carvalho;
Carlos Umberto Pereira; José Rodrigues Laureano Filho; Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos. O Paciente Cirúrgico Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.11, n.1, p. 9-12, jan./mar. 2011
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